Ao Zé do Bombo



Não te chamavas Esteves,
Ò Zé do Bombo!
Não te chamavas Esteves,
Mas eras um homem sem metafísica.
Tem mais razão seres imortalizado tu,
Que rezavas e bebias como um pipo,
Que um outro qualquer que se julga com nome.
Tu eras a festa na vida.
Não te foste sem teres vivido.
Nem notaste que foste,
Nem viste que estavas a ir,
E assim é que devia ser!
Ò Zé do Bombo,
Faz-me agora um favor:
Se vires a morte,
Rebenta-lhe o bombo
Na cabeça (se a tiver)
E diz-lhe que na nossa terra
Toda a gente faz falta.

19-05-2005

João Bosco da Silva

Arroz de cabidela

Acordo com uma sensação estranha.
Tenho entranhado nos poros, o aroma do teu corpo.
Acordo e tenho aquela lucidez de ter apenas o essencial desperto.
Sinto-te ao meu lado e tudo, faz-me lembrar
Aquele cheiro da minha infância, que antecedia o arroz de cabidela.
Aquele cheiro a galinha morta, em àgua a ferver,
Mesmo antes de depenar, com o corte na nuca.
Faz-me sentir bem, porque nessa altura, me sentia bem
E feliz, porque simplesmente, não sabia que o era.
Ainda gostava do arroz de cabidela,
Porque o sabor é agradável.
Ainda não me tinham enchido a cabeça com hemácias,
Eritrócitos, glóbulos brancos, o plasma e tudo o resto.
Agora, enoja-me pensar em comer o sangue de outro animal.
Fazes-me sentir como quando sentia esse cheiro a galinha escaldada.
Sentia-me seguro e a minha mãe, era a pessoa mais sábia do mundo.
Agora, que sei saber menos do que antes julgava saber,
Que encolhi o mundo com os meus passos,
A minha mãe parece-me saber muito menos que eu,
Eu, que nunca matei uma galinha, nem preparei um arroz de cabidela.
Apenas participava no sacrifício como espectador,
Ou lhe segurava nas asas, enquanto o sangue
Corria para o recipiente já com vinho da casa.
Fazes-me sentir seguro, agora que vivo só de mim
E na minha constante insegurança e falta de confiança.
Não me conheces e nunca me conhecerás,
Mas o que te mostro é suficiente e o que te oculto,
Deixa que me toleres.
A galinha, parece-me, era cozida no próprio sangue,
Eu sou cozido na própria vida,
Mas tu sabes o que fazes, porque nem pensas nisso.

Novo site


A revista A Torre tem um novo site, completamente remodelado, mais funcional e atractivo. Desta forma pretendemos cativar mais atenções para a revista e os seus conteúdos, dando resposta ao crescente número de visitas que temos tido. Com novas funcionalidades e navegação facilitada é agora mais fácil ler, comentar e fazer download da revista de Torre de Dona Chama.


Maior Sela do Mundo

Desde há muito tempo que a Vila de Torre de Dona Chama é reconhecida pelo vasto leque de artesãos que possui, responsáveis pela grande parte do artesanato produzido no concelho e mesmo no distrito.
Tendo consciência dessa realidade, e dado o risco de extinção a que estão votadas algumas artes, sentiu-se a necessidade de proporcionar uma homenagem tão merecida ao artesanato e sobretudo aos artesãos da Torre.
Tal ideia tornou-se na pretensão de entrar para o livro do Guinness com um trabalho artesanal, que permitisse o seu conhecimento num âmbito internacional.
Em Novembro de 2007, a Junta de Freguesia de Torre de Dona Chama iniciou uma candidatura para a construção da “maior albarda da mundo” perante o Guinness. Dada a inexistência da categoria “albarda” no livro dos recordes, foi-nos indicada a alteração para a construção de uma sela (categoria já em monitorização pelo Guinness).



Depois de uns longos três meses, eis que chega aquela que era sem dúvida a compensação mais valiosa pelo esforço, pela dedicação daqueles que como sabemos foram os autores da maior Sela do mundo.
Foi no passado dia 29 de Maio que chegou à Vila de Torre de Dona Chama o esperado certificado do recorde ao Guinness.
Foi o resultado de muito trabalho muita dedicação que permitiu mostrar ao mundo que numa pequena vila do interior do Nordeste transmontano existem pessoas de garra e de vontade.
Enquanto Presidente da Junta tenho que agradecer aos artesãos Carlos Almeida e Manuel Nogueira, que logo que lhes foi lançado o desafio não mais pararam, a todos aqueles que colaboraram connosco tornando aquela que parecia uma verdadeira aventura numa realidade.
A Junta de Freguesia pretendeu dar a maior ênfase possível a este feito e assim desenvolveu um projecto para um edifício que será um espaço dinâmico – Museu das Artes e Ofícios, espaço este que assume uma forma perfeita de valorização do nosso artesanato.

Paula Lopes

Rio de Outrora - Manuel Serra

... Após o término das aulas, todos os dias da semana eram iguais para mim. Era mais um dia, um belo dia de rio. De manhã, em encontros com os meus amigos, combinava-se hora e local para depois de almoço nos fazermos à estrada, ou melhor, ao caminho de terra batida que nos encurtava as distâncias desde o centro da Torre até à ponte de pedra. Na maioria das vezes “plantávamo-nos” em frente ao ciclo a fim de pedir uma ou outra boleia a quem quer que transitasse em direcção ao rio. Conhecidos ou nem tanto, pouca diferença nos fazia. Simplesmente queríamos evitar ir a pé sob um sol escaldante e também porque o tempo que se poupava dava para mais uns quantos mergulhos. A procura de transporte alheio era tanta que era fácil encontrar outro grupo de amigos em local diferente com o mesmo intento. Contudo, a experiência leva à perfeição, e nós éramos peritos nessa matéria ...

Casa ou Museu do Careto.

A designação de um espaço que se quer tradicional.


A proposta de integrar um museu num edifício existente é por si só uma boa escolha. Permite para além de conservar o nosso património, compreender as tradições, num espaço onde hoje nos parece ser cenário, outrora era a realidade.
O edifício fica localizado no centro da zona mais antiga da Vila de Torre Dona Chama, junto a igreja paroquial e ao pelourinho.
Rodeado de ruas estreitas e sinuosas, construções de arquitectura tradicional de rés-do-chão e primeiro andar, com pequenas varandas e aberturas tímidas, feitas em tabique e granito, revestidas com argamassas a base de barro ou saibro, pintadas de branco, molduras de portas e janelas destacadas com outras cores vivas e coberturas em telha cerâmica que o tempo cobriu com patine. Esta é toda a envolvente que recebe o futuro Museu do Careto...

Aniversário e inaugurações

No passado dia 29 de Junho os habitantes da nossa Vila congratularam-se com as comemorações do 19º Aniversário da passagem da Torre de Dª Chama a Vila e o 721º Aniversário da atribuição do 1º Foral, por D. Dinis.
A abertura das comemorações foi levada a cabo por uma magnífica interpretação de alunos daEspoarte - Escola Profissional de Arte de Mirandela.Associada a estas comemorações pudemos assistir a vários eventos:- Assinatura de um memorando de compromisso para que a Vila de Torre de Dona Chama seja mais uma vez o centro da distribuição de saúde com a aquisição de uma Unidade Móvel de Saúde, pela Junta de Freguesia, Unidade de Saúde Familiar e Sub-região de saúde de Bragança;- Lançamento da primeira pedra para edificação do Pavilhão Multiusos no edifício do Celeiro;- Assinatura do protocolo da Junta de Freguesia com a Associativa de São Brás – Clube de Caça e Pesca, para cedência da Casa das Olgas, que passará a ser a sua sede.
É de grande relevância destacar a presença e intervenções de diversas entidades, que vieram enriquecer os festejos, como o Sr. Governador Civil de Bragança – Dr. Jorge Gomes, Sr. Presidente da Câmara Municipal – Dr- José Silvano, Sra. Coordenadora da Sub-região de Saúde de Bragança – Dra. Berta Nunes, Sra. Presidente da Junta de Freguesia – Dra. Paula Lopes, Sra. Coordenadora da USF – Dra. Rosa Maria, Sr. Presidente do Clube de Caça e Pesca – Sr. José Augusto, entre outras.
Queremos agradecer a todos os que mostraram o seu empenho na organização destes eventos, bem como a toda a população presente, que demonstrou dessa forma o seu interesse pela evolução da vila.
Junta de Freguesia de Torre de Dona Chama

Quinta edição